IMPRESSIONISTAS
Lendo ocasionalmente
uma revista, deparei-me com uma reportagem sobre o Impressionismo, movimento de
pintores, originado em Paris, 1870, mas, de acordo com os críticos
literários, não foi muito alarde.
Nunca entendi de
pintura e quanto mais moderna, menos conheço e nem sei interpretar. Já visitei
museu, atelier, exposição, feira, buscando compreender a pintura e, às vezes,
até mesmo os pintores, mas confesso é difícil de entender. Fazer a leitura
correta de suas mensagens sempre foi para mim uma dificuldade, que
antagonicamente não sei explicar, mas gosto de ver. Fico em frente, imaginando
quantos momentos de reflexão foram necessários para o artista ficar satisfeito
com sua obra.
Observando da sala onde
escrevo dois quadros desses com rabiscos de todos os lados, cores alternadas,
alguns pontos mais claros e outros mais escuros e uma parafernália de cores no
centro. Como posso entender? Mas são chamados de obras de arte. Se não entendo
a obra de arte, fico mais confuso, ainda, com o valor financeiro. Esse,
verdadeiramente, não entendo. Minha ignorância no assunto ou veracidade da arte
dos gênios das pinturas? Nem uma coisa nem outra, pois creio que ao pintar um
quadro o artista, em sua concentração, quer externar algo, talvez, tão
significativo que a pintura fica mais difícil de fazer. Que ao exteriorizar seu
pensamento, suas mãos não mais deslizam suavemente, colam no quadro, não
deixando oportunidade à dúvida de não fazer o que ele quer.
Isso é o que penso,
diante das molduras rabiscadas. No caso dos impressionistas, o crítico da época
Louis Leroy afirmou ao denominar os pintores de impressionistas: “as obras
parecem inacabadas, baseadas na primeira impressão”. Se uma pintura fica inacabada,
recai sobre ela uma causa. Porém, quando pinturas diversas e de vários pintores
deixam a mesma impressão, criam, então, um questionamento e passa a ser objeto
de estudo. Não se trata de um mero esquecimento, mas de uma manifestação de uma
multiplicidade de coisas, no caso dos impressionistas, de um processo de inovação
e valorização da pintura. Os impressionistas inovaram ao valorizar o tratamento
dado à luz em seus quadros, detalhe não percebido por Leroy, diz o analista
Antônio Giron.
Faço essa crônica de
hoje, porque senti um espaço dentro do contexto da reportagem do analista
Giron, através da analogia do Impressionismo para falar de Parkinson, que
igualmente, aos quadros patológicos do Parkinson, parecem inacabados, mas tem uma luz inovadora
em mim; tem a ignorância do conhecimento da doença, mas também, a reflexão que
não sei o momento de parar. Há mais coisas que me vêm à memória e na mesma
velocidade desaparecem, assim como as inspirações dos pintores de pinturas
inacabadas, denominadas de “pinturas impressionistas”. Para alguns, sou o
impressionista sem pinturas inacabadas, mas o que tenho mesmo são dezenas de
crônicas e contos inacabados, relegados na memória do meu disco drive, mas
ainda, não deletados, que talvez, um dia, tenham seu final.
Ao
ler um quadro dos impressionistas, fui a outro e assim sucessivamente, fazendo
as leituras. Comecei pelo quadro, que foi refutado pelo próprio pai, uma obra
de Auguste Renoir, e em minha leitura compreendi a pintura, mas não, o
comportamento do pai. O salão de baile de Van Gogh, que virou na interpretação
das pessoas, “O Retrato da Claustrofobia,” também não compreendia a relação,
mas me imaginei com saúde participando do baile, que, até então, não sabia
dessa interpretação. Minha curiosidade nas leituras das pinturas era
identificar o que não estava acabado em cada obra, que a cada pintura ficava
mais entusiasmado.
Nisto,
fui crescendo em reflexão progressiva que cada quadro proporcionava. Sentia que
os neurônios também se agitavam, e me lembrei do quadro de Van Gogh. Nele vi em
cada rosto uma alegria contagiante, uma pessoa feliz, em cada boca um sorriso,
e em cada olhar a perspectiva da cura, revelando a vontade dos parkinsonianos
dos dias de hoje, revelando uma visão de futuro, num contexto impressionante do
meu impressionismo.
Pensar
o Impressionismo de hoje, não é voltar a 150 anos de arte. É colocar na pintura
antiga a sua vontade. Assim, fui fazendo minhas leituras, aproveitando que cada
pintura está inacabada e trazer consigo
a mesma sensibilidade do sentimento humano. Bailarinas dançando de Edgar Degas;
Barcos chegando em “Regatas”; “Camponesas Bretãs” de Paul Gauguim. Em qualquer
deles, senti-me, não um pintor em uma obra de arte, mas tive diante deles uma
sensação de está construindo com eles a visão do que antes foi mal entendido,
refutado e condenado. Mal entendido pelos adeptos da arte, refutado por um pai
e condenado pelos críticos.
Mas
trazendo aos dias de hoje, as obras de arte dos impressionistas, a técnica
ensinada é primeiro olhar de perto; depois de longe. Peço licença aos
proeminentes analistas, consultores para outra técnica: a imaginação de quem vê
a luz perto e criando em minha imaginação a minha realidade, acrescida sempre
com o olhar de futuro, que é o legado deixado por esses gênios da criação. Foi
para isso que eles criaram nossas perspectivas no passado, sabendo que alguém
ao ver o “Tocador de Pífaro” não somente interpretassem uma “carta de baralho”
ou um “símbolo de inocência”, mas que tocasse uma canção atual ao gosto de cada
um.
Na
minha imaginação fui ao baile de Van Gogh, no caminho falei com as camponesas
bretãs de Paul Gauguim, subi as escadas com as bailarinas de Edgar Degas, encontrei
a criança do pífaro de Eduard Manet, e pedi para cantar a Banda de Chico
Buarque e com a banda fui convidando os colegas parkinsonianos e cuidadores a
cantar coisas de AMOR tão bem recomendado pelo nosso compositor. Quando olhei
para trás era um verdadeiro RUN FOR PARKINSON.
Nisto pensei que minha crônica
deveria ter um quadro que representasse meu sentimento de amizade que vou
armazenando a cada colega parkinsoniano que no decorrer do tempo vou conhecendo
através dessa tecnologia que Tom Lee nos legou. E esse legado me conduziu a
Santiago do Chile e a conhecer diversas
pinturas de Erika Contreras, hoje minha
amiga e que sua pintura retrata o impressionismo de um grito da cura de todos nós, daí escolhi para ilustrar o
inicio da crônica.
Impressionismo....
ResponderExcluirSerá um impressionar só as mentes que vêem estes quadros, ou será impressionar e pressionar emoções a quem os vê?
As cores quente , fogo, que emoções nos transmitem , e os sombrios e escuros que pensamentos nos trazem.
O brilho, os dourados, podem ser pinceladas á solta , mas são aquelas que nos prendem a retina ao quadro e até somos capazes de sonhar. Não chamaria impressionismo, mas sim: Espiritualista.