O VARAL
O JARDIM E O VARAL Evidentemente o que tenho escrito não é para mim é essencialmente para os que me abordam sobre o parkinson que são muitos e para alguns poucos que já sabem que disponho de um blog sobre parkinson e que ali armazeno e socializo minhas idéias da minha convivência com Mr. Parkinsonn. E, sobretudo para ajudar os que procuram na internet a solidariedade de saber praticar a gestão coletiva da doença diminuindo a distancia existente entre o saber e o aprender do parkinsoniano. Criando uma ligação de relacionamento otimizando a informação com a obtenção de uma melhoria na comunicação com dados escritos em função da minha experiência vivida de parkinsoniano, numa troca de informação que pela sua Constancia se transforme em formação em todo seu entorno. É sempre bom escrever mesmo que o cerne do tema seja uma doença sem cura e cheia de características que diferem de outras doenças com fator precípuo a ausência de dor física que caracteriza outras doenças; em contraste com uma permanente tristeza provocada pela Constancia do sofrimento e em muitos casos de uma tremenda depressão que desde que descobrir que estava desenvolvendo a doença, que a depressão insiste em se instalar é eu correndo na frente e ela insistemente atrás. Pressinto que ela quer me derrubar e me por numa rede que ate hoje tem sido instrumento de uso em minhas horas de descanso, em minhas leituras quando a armo no quarto, e de reflexão e quase de divertimento quando a estendo no jardim, e fico a admirar as plantas, o verde imperativo de algumas flores, uma desabrochando e outras brotando, e verificando o desenvolvimento das plantas tão bem ordenadas e cuidadas pela minha esposa e que hoje ajudo a cuidar com dedicação que antes do Parkinson não tinha essa predileção. É bom salientar que antes do Parkinson deitava na rede e não sabia que tinha um jardim tão bonito. É aquela coisa você tem e não sabe o que tem, essa ausência de não valorizar o que pertence é dito em adágio popular muito antigo. “prata de casa não tem valor” e no meu caso valeu para o jardim e outro bens materiais. Hoje corrigir esses detalhes é significativo e importante na melhoria de minha qualidade de vida. Uma das coisas boas ao parkinsoniano é encontrar, ou melhor, reencontrar as coisas maravilhosas que você deixou de fazer. Hoje eu faço as coisas de ontem e de forma prazerosa, como cuidar do jardim, estender a roupa no varal e varrer, ambas as recomendações da minha fisioterapeuta, além de outras atividades. Quando digo coisas de ontem me refiro não somente ao passado quando menino via meus pais zelar pelo jardim, cuidados com alegria e sentia que para ele era uma maneira de compartilhar o lazer, era para ambos uma felicidade. Olhava para o muro das casas e assistia a mesma cena, às vezes eram famílias inteiras no varal. Quando isso acontecia não era trabalho era lazer da família. Hoje compreendo que também tem um pouco de romantismo nessa pratica, depende de como você olha a peça que você esta estendendo no varal. Silvio Caldas transformou esse momento em uma poesia imortalizando um dos clássicos da MPB “chão de Estrelas” transformando-as em bandeiras agitadas em festival, festa de trapos coloridos e num eterno feriado nacional. O tempo passando e os costumes mudando e numa velocidade espantosa, a tecnologia chegando com a maquina de lavar roupa e louça, sabão em pó que deixa a roupa mais branca; a sala de lavar ou lavanderia é o novo espaço da casa e se esquece o quintal, o pai troca o jardim pelo computador, os filhos se alojam nos quartos na televisão e hoje não se ver mais crianças brincando nas calçadas com bolas de gude, pinhão, jogo de botão e tantas outras alternativas que criava desde a infância a solidariedade gerando a forma coletiva de brincar. Hoje tudo isso foi trocado pelo individualismo que a tecnologia oferece sobre a complacência dos pais. O Parkinson me leva a uma viagem ao passado por que já vejo meu futuro pelo presente quando a doença começa a impedir que pratique hoje as coisas boas do passado. E é progressivo esse aumento, nesse contexto minha querida fisioterapeuta Giordana Fontes que cuida de mim, vem duas vezes na semana não é apenas fisioterapeuta tenho certeza que tem filosofia em seu saber mesclado aos conhecimentos pois grande parte de seu tratamento ela me leva ao jardim não apenas para os exercícios, mas também para conversarmos sobre a evolução da doença. Quem diria ontem uma criança, depois uma adolescente a brincar, conversar e estudar com meus filhos; hoje a cuidar de mim no jardim, que ela sabe concatenar a filosofia existente no jardim e transformar em um instrumento de trabalho. Ensinou-me os primeiros exercícios me fazendo conhecer as folhas jogadas pelo chão. Numa seqüencia cronológica me fez usar e conhecer uma vassoura que a gente pensa que conhece e conhece de ver acondicionada atrás das portas. Essa forma de pensar é a mesma de reconhecer uma pedra como nada mais que uma pedra. Hoje eu não esqueço que aos olhos do nosso poeta Drumond de Andrade é um poema. Hoje minha casa foi transformada pela minha fisioterapeuta em uma academia, não apenas de exercícios, mas de reflexão, trabalho, lazer e qualidade de vida. Depende de como você vai ver uma folha, vassoura, uma cebola etc... Colega parkinsoniano, você que ainda reluta em administrar a progressividade da doença ao ver sua esposa cortar uma cebola peça para cortar também e tente ver como Neruda ao afirmar: “rosa de água com escamas de cristal”. Com certeza você não esta ficando louco, esta com visão diferente para retardar, diminuir, amenizar, e contribuir para administrar as seqüelas inerentes a progressão das perdas dos neurônios.
Identifico-me como cunhado-irmão desse parkinsoniano. A doença pouco mudou seu perfil, pois sempre foi um homem especial, pleno de respeito aos semelhantes e amigo de todas as horas. Suas crônicas espelham fielmente suas dificuldades de transferir para a tela os pensamentos, que surgem como uma intensa torrente, sem pausas e esperas, sem tempo a perder com pontos e vírgulas. Creio que todos os portadores o compreendem e recebem seus textos como um alento e incentivo.
ResponderExcluirFlorentino Espezim
A princípio, não é minha intenção comentar as crônicas escritas com tantas dificuldades pelo nosso querido cronista-parkinsoniano, mas mostrar a todos sua luta contra a doença, remetendo-me à história do brilhante matemático americano John Forbes Nash(1928), cuja luta contra a esquizofrenia foi relatada no filme "Uma Mente Brilhante", que pode ser encontrado em locadoras nacionais, cujo resumo descrevo a seguir:
ResponderExcluirJohn Forbes Nash é um gênio da matemática que, aos 21 anos, formulou um teorema que provou sua genialidade e o tornou aclamado no meio onde atuava. Mas aos poucos o belo e arrogante Nash se transforma em um sofrido e atormentado homem, quando descobre que é portador de esquizofrenia, começando, então, uma luta insana contra os terriveis e fantasmagóricos sintomas que o afligiram durante mais de duas décadas. Porém, com a ajuda de sua incansável esposa, após anos de luta para se recuperar, ele consegue retornar à sociedade e acaba sendo premiado com o Nobel.
Que a batalha de Domingos Savio e de sua esposa Vânia e filhos, diante de tão poderoso e destruidor inimigo, seja vencida e que sirva de exemplo para todos os portadores de parkinson e de outras terríveis doenças.
F.Espezim, Rio de Janeiro.
Bõa noite Savio
ResponderExcluirÉ com grande alegria que vou descobrindo as grandes personalidades que estão neste mesmo caminho que eu.
Neste mundo maravilhoso,a humanidade teve grandes personalidades; JESUS CRISTO,MAHATMA GANDHI,MARTIN LUTHER KING,MADRE TEREZA DE CALCUTÁ,e outros.
Não é o parkinson que me abate,tenho esta enfermidade a cinco anos e estou aprendendo a conviver com este fardo.
Falo sempre que DEUS não me deu tudo que pedi,mais me deu muito mais do que mereci.O que me abate é a humanidade não se sentir grata a estas personalidades citadas,e muitas outras,que pisaram neste mundo,distribuindo AMOR,PAZ,SABEDORIA E MUITA LUZ.
O FRACO JAMAIS PERDÕA:O PERDÃO É UMA CARACTERISTA DO FORTE {GANDHI}.
Temos um audacioso e forte inimigo caro amigo Savio, e vc é um grande farol iluminando nossas trilhas nesta batalha contra este inimigo que não pode ter perdão.
muito obrigado
FERNANDO ANGELO
Pai,
ResponderExcluiré muito bom ver que uma doença pode ajudar tantas pessoas a crescer e serem melhores. Me emociono sempre que leio as crônicas, pois posso conhece-lo cada dia melhor.
Obrigada por me fazer uma pessoa melhor,
Sua filha Savânia